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Miopia Empresarial: o erro de enxergar apenas o agora

O mercado da indústria 4.0 é altamente competitivo e dinâmico, com muitas empresas enfrentando dificuldades não apenas por falta de recursos, mas muito por uma limitação de visão estratégica. 

Nesse cenário, entra o contexto da miopia empresarial, um conceito desenvolvido pelo economista Theodore Levitt, da Harvard Business School, em 1960. Entender o que é a miopia empresarial (também conhecida como miopia em marketing) e por que ela pode ser tão perigosa em tempos de transformação digital e inovação acelerada é fundamental para o futuro dos negócios.

O que é miopia empresarial?

A ideia por trás do conceito, como o próprio nome sugere, vem do problema ocular. Na miopia ocular, a pessoa consegue enxergar objetos próximos com clareza, mas tem dificuldade para ver o que está longe. Do mesmo modo, na miopia empresarial, a empresa enxerga bem o presente de seus produtos, operações e resultados, mas não consegue ver a longo prazo, perdendo a capacidade de perceber tendências futuras, mudanças no mercado e novas necessidades dos clientes.

Então, a miopia empresarial acontece quando uma organização foca apenas em seus produtos ou serviços atuais, não enxergando as necessidades reais dos clientes e as mudanças no ambiente de negócios.

Levitt apontou que empresas míopes pensam em termos de produto, e não de solução. Elas se esquecem de que não vendem um item específico, mas sim valor para o cliente.

Um exemplo de combate à miopia empresarial

Como exemplo de visão ampliada, o oposto da miopia, podemos utilizar a Volkswagen com a sua mudança de posicionamento. Ao invés de se enxergar apenas como uma fabricante de veículos, a montadora passou a se posicionar como uma provedora de soluções de mobilidade.

Essa mudança de perspectiva permite à empresa se adaptar a um mercado em transformação, onde o consumidor está mais preocupado com acesso do que com posse, com eficiência do que com potência.

Ou seja, com essa visão ampliada, a empresa passou a atuar além da fabricação de carros (inclusive os elétricos), investindo também em mobilidade urbana sustentável, aplicativos de car sharing e outras soluções inovadoras.

A miopia como barreira à competitividade

Em setores altamente competitivos, como o de gerenciamento de transportes ou da saúde, a miopia empresarial pode ser fatal. Empresas que não acompanham os avanços tecnológicos, que não ouvem seus clientes ou não antecipam tendências, acabam perdendo espaço para startups inovadoras ou concorrentes mais ágeis.

A Blockbuster, por exemplo, não viu o streaming como uma ameaça até ser superada pela Netflix. A Kodak, líder absoluta no segmento de fotografia, ignorou a revolução digital. Ambas são símbolos do que a miopia empresarial pode custar.

Por que combater a miopia empresarial?

Trabalhar a visão estratégica e combater a miopia é essencial por vários motivos:

• Antecipação de mudanças no mercado

• Criação de soluções mais relevantes para o cliente

• Aumento da competitividade e diferenciação da marca

• Fomento à cultura de inovação interna

• Resiliência diante de crises e rupturas tecnológicas

Inovação como antídoto

A inovação é uma das formas mais eficazes de evitar a miopia. Mas não se trata apenas de criar produtos novos, e sim de repensar modelos de negócio, processos internos, canais de atendimento e até o propósito da empresa.

Empresas inovadoras mantêm o olhar no futuro, testam hipóteses, se conectam com startups, valorizam o feedback dos clientes e investem em cultura organizacional. Elas sabem que o que funciona hoje pode não funcionar amanhã, e se preparam para isso.

A miopia empresarial é silenciosa, mas perigosa. Ela faz com que empresas bem-sucedidas hoje sejam irrelevantes amanhã. Enxergar além do produto, entender o mercado em profundidade e inovar constantemente são atitudes fundamentais para qualquer organização que deseja crescer de forma sustentável.

Portanto, pergunte-se: qual é a real necessidade que sua empresa resolve? Se a resposta estiver focada apenas no que você vende, e não no que o cliente precisa, talvez seja hora de ajustar o foco.